domingo, 25 de abril de 2010

Metamorfose Ambulante.

"Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"

(Raul Seixas)

Não sou a mesma que fui ontem. O mundo gira sem parar, assim como minhas opiniões acerca dele. As coisas mudam, as pessoas também. E eu... eu me transformo a cada hora.
Meus olhos observam o mundo ao redor na mesma velociada que o tic-tac do relógio. Eu penso o tempo todo, mudo todo o tempo. Mas nunca sem coerência.
Falta de personalidade é defender uma ideia hoje somente porque a defendeu ontem. Defenda o que quiser, mas defenda sabendo que tudo pode mudar amanhã. Eu falo o que me parece correto naquela hora, ainda que saiba que passo longe da verdade absoluta. Mas defendo porque acredito no que defendo. É a minha verdade. Errada ou não.
Pra isso que o mundo gira. Pra me mostrar o quanto estou certa. Pra me mostrar o quanto estava estupidamente errada.
Peço perdão pelos meus erros e aprendi a me perdoar por eles. Porque não fiz por mal. Porque defendia uma ideia equivocada. Mas o dia chega e eu mudo. Graças a Deus.
Então ame a metarmofose ambulante de ontem, hoje e amanhã. Não me entenda, não se esforce tanto. Porque amanhã talvez mude novamente. Talvez erre. Talvez seja a minha vez de perdoar.
Talvez tudo irá mudar. Sim... tudo irá mudar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sinais de Trânsito.

As pessoas andam sem parar. Buzinas, vozes, discussões...
Eu estou ali, sobre o meio-fio, com a cabeça atormentada, observando os gigantes arranha-céus frente à mim.
O tempo parece se movimentar mais rapidamente para os outros. Os ponteiros do relógio da vida giram e giram sem parar, no seu constante tic-tac.
Para elas, os minutos parecem segundos. Para mim... os segundos parecem anos.
Seus rostos estão borrados, tamanha a velocidade com que andam. Os carros atravessam os sinais com a mesma rapidez que um foguete. No sémaforo, as 3 luzes estão acesas. PARE. CUIDADO. SIGA. Mas eu continuo parada no meio-fio, perdida. Grito por ajuda, mas as pessoas estão com muita pressa para pararem e virem ao meu socorro.
Sento-me sobre o chão de concreto, sabendo que tenho que atravessar aquela rua. O sol está à pino, ainda que encoberto por algumas nuvens. Mas por dentro o meu corpo treme de frio. O medo se mistura com a desesperança que, por sua vez, traz de brinde a solidão.
Aqueles carros me asssutam. Entretando há algo que me impulsiona a seguir. Tenho que atravessar, não posso ficar eternamente parada ali.
A dor continua a apertar meu peito e parece nunca ter fim. Então eu levanto e chego à conclusão que se morrer não vai fazer diferença.
Fecho os olhos e dou o primeiro passo. E de repente, quando dou por mim, já estou do outro lado. Olho para trás e percebo que consegui atravessar. Abro um sorriso e penso que finalmente vou ter paz. Mas isso não dura muito.
É só olhar para a frente que vejo mais uma rua para atravessar. E o pesadelo começa outra vez.
Mesmas pessoas. Mesmos carros andando na velocidade da luz. Mesmo semáforo aceso.
Parece que quanto mais eu ando e tento enfrentar meus medos, ele seguem ali, me assombrando como fantasmas.
Será esse um indício de que o pesadelo nunca irá acabar?

Escrito em 16/04/09 - Baseado em um sonho meu.